Gestão de conhecimento na indústria: um desafio na construção de vantagens competitivas

Se os bens de uma empresa fossem hierarquizados conforme o grau de importância, certamente o conhecimento dos colaboradores ocuparia as primeiras posições. Contudo, como o que ocorre com qualquer outro recurso, o capital intelectual precisa ser gerido adequadamente para que produza valor — e esse é o grande desafio atual:transformar o conhecimento individual em uma produção coletiva de vantagens competitivas. Para solucionar a questão, os processos desenvolvidos dentro da gestão de conhecimento na indústria proporcionam a estrutura estratégica necessária para que as empresas desenvolvam e otimizem produtos e serviços de acordo com as constantes transformações e inovações do setor.

A gestão de conhecimento tem se tornado uma necessidade tão evidente que um dos maiores pensadores da administração moderna, Peter Drucker, já havia alertado sobre a relevância da disciplina. “Não seremos limitados pela informação que temos. Seremos limitados por nossa habilidade de processar essa informação”, avaliou Drucker.

Evitar que o conhecimento seja um limitador, ao invés de um agregador, é tarefa para várias disciplinas. Por isso, o exame dos saberes inclui áreas que vão desde o planejamento estratégico até as ciências humanas. É uma reunião de competências complementares que contribuem diretamente para o aumento da produtividade, melhoria do clima organizacional e gestão de talentos.

Espiral do conhecimento

O conhecimento organizacional é ainda tema de estudos acadêmicos que propõem métodos de criação e entendimento. Na “espiral do conhecimento”, difundida por Nonaka e Takeuchi, a criação do conhecimento está diretamente relacionada ao potencial de convergência de expertises em condições adequadas. Para isso, é formada uma espiral que atua em duas dimensões: epistemológica e ontológica. Na primeira, os conhecimentos tácitos convergem com os explícitos, numa união de contraditórios e unificação de formas. Já na ontológica, temos o processo de propagação do conhecimento adquirido individualmente em direção ao grupo. Sequencialmente, o conhecimento se transforma em organizacional e segue para fora da empresa, atingindo a todo o setor.

Alta tecnologia

Em relação aos negócios de alta tecnologia, a gestão de conhecimento na indústria adquire outras particularidades. No setor eletroeletrônico, por exemplo, com funções de elevado grau de especialização e uma rotatividade considerável de tecnologias, o acesso ao conhecimento por diferentes áreas da empresa se traduz na compreensão global do negócio por parte dos colaboradores. Como consequência, outros indicadores são influenciados positivamente, aperfeiçoando o atendimento ao cliente, a valorização do trabalho desempenhado e a construção de soluções inovadoras.

Construir e perpetuar uma empresa de alta tecnologia exige enfrentar fatores próprios do mercado e do contexto da época. Com a propagação da informação, a era atual permitiu o fácil acesso aos mais diversos dados. Por outro lado, o ambiente externo, como cenários econômicos oscilantes, aumento de competitividade e valorização de produtos e serviços inovadores são alguns dos aspectos que precisam ser apreendidos e incorporados. Nisso, a gestão de conhecimento na indústria entra como estratégia para promover diferenciais sólidos que atendam aos novos requisitos.

Com os conhecimentos identificados, o papel dos gestores é compartilhar as informações e estimular a geração de novos saberes. Em decorrência da constante mudança de fatores externos, a gestão do conhecimento na indústria irá agrupar e estruturar os conhecimentos estratégicos. Somado à disponibilidade de disciplinas, uma gestão eficiente será o fator que permitirá  a existência do negócio e, mais do que a sobrevivência, garantirá um lugar de destaque no mercado. A partir disso, a expectativa é que a gestão do conhecimento alcance novos patamares e faça parte da construção dos relacionamentos que envolvem desde a produção até a entrega, como, por exemplo, a parceria entre fornecedor e indústria.

Crédito de imagem: johnhain/CC

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