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5G no Brasil: o que é e quais os impactos na indústria

O 5G no Brasil já é uma realidade. Até julho de 2022, as operadoras devem implantar, em todas as capitais, o 5G DSS, — uma tecnologia que aproveita as frequências já disponíveis para rotear o 5G. O projeto faz parte do cronograma de implementação do 5G da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que espera levar a quinta geração de internet móvel para todos os municípios brasileiros até dezembro de 2029.

Mais rápida e de maior alcance que a 4G, a tecnologia 5G está chegando ao país para mudar a vida das pessoas e empresas. Na indústria, portanto, não é diferente. A nova conexão móvel irá impulsionar a transformação digital, facilitando a interconexão entre mais dispositivos simultaneamente e a massificação da Internet das Coisas (IoT).

Neste artigo, entenda melhor o que é 5G e quais seus impactos na manufatura.

Leia também: Você está pronto para inovar na indústria eletroeletrônica?

5G no Brasil: conheça a tecnologia

Em novembro de 2021, a Anatel realizou o Leilão do 5G para negociar lotes em quatro faixas de frequência — 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz —, um esforço inédito para implantação de um padrão tecnológico para serviços móveis. A motivação para isso está nos benefícios que podem ser proporcionados pelo 5G, que incluem altas taxas de transmissão de dados, menor latência (tempo de resposta), facilidade na interconexão de dispositivos e menor consumo de energia.

De acordo com o cronograma da Anatel, todos os municípios brasileiros terão cobertura 5G até dezembro de 2029. A implantação já começou. Sete cidades brasileiras já têm antenas para oferecer 5G 2,3 GHz e até 31 de julho de 2022 todas as capitais e o Distrito Federal terão acesso à quinta geração de internet móvel.

Confira o cronograma de implantação:

  • Até 31/07/2022: capitais dos Estados e Distrito Federal;
  • Até 31/07/2025: municípios com população igual ou superior a 500 mil habitantes;
  • Até 31/07/2026: municípios com população igual ou superior a 200 mil habitantes;
  • Até 31/07/2027: municípios com população igual ou superior a 100 mil habitantes;
  • Até 31/07/2028: 50% dos municípios com população igual ou superior a 30 mil habitantes;
  • Até 31/07/2029: 100 % dos municípios com população igual ou superior a 30 mil habitantes.

Os municípios com população inferior a 30 mil habitantes (quase 80% dos municípios brasileiros) serão atendidos de forma gradual a partir de dezembro de 2026. 

  • Até 31/12/2026: 30% dos municípios;
  • Até 31/12/2027: 60% dos municípios;
  • Até 31/12/2028: 90% dos municípios;
  • Até 31/12/2029: 100% dos municípios.

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Como funciona o 5G

Um dos diferenciais da internet 5G é sua capacidade de transmissão de dados. Um dispositivo compatível com essa conexão móvel apresenta um melhor tempo de processamento de downloads e uploads, maior velocidade na troca de dados por segundo e um consumo de energia até 90% menor.  

A tecnologia também suporta mais equipamentos que as gerações anteriores e a rede Wi-Fi, permitindo a conexão de milhares de equipamentos de forma simultânea.

Conheça os três modos de uso do 5G:

  • Banda larga móvel avançada: é focada em altas velocidades de download e upload para atender novas demandas de uma pessoa usuária convencional;
  • Controle de missão crítica: conexões com latência muito baixa e altíssima confiabilidade, com foco em aplicações sensíveis a atrasos e erros, como controle remoto de equipamento industrial;
  • Internet das Coisas (IoT) massiva: capacidade de atender grande quantidade de dispositivos IoT, com alta cobertura e baixo consumo de energia.

A tecnologia 5G também conta com a funcionalidade de fatiamento de redenetwork slicing —, que permite a adaptação das características da rede de acordo com a necessidade da aplicação, que pode então funcionar com parâmetros de rede otimizados e, assim, apresentar um melhor desempenho.

Diferenças entre 5G e 4G

A latência é a principal diferença entre as duas gerações de internet móvel. Para processar um download de vídeo de 1 GB, um dispositivo 4G leva até 54 milissegundos. Um aparelho 5G irá levar entre 1 e 2 milissegundos para processar até 20 GB, ou seja, sua velocidade é 20 vezes superior à tecnologia antecessora.

A quantidade de dispositivos conectados simultaneamente também apresenta uma discrepância marcante. A 4G pode cobrir 10 mil dispositivos/km, enquanto no 5G a cobertura é de até 1 milhão de aparelhos por quilômetro.

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Benefícios do 5G

O fomento do 5G no Brasil irá acelerar a digitalização em todos os setores, além de promover benefícios importantes para os indivíduos, que terão acesso a uma tecnologia de telefonia móvel superior àquela disponível hoje.

A conexão 5G promete impactar diversos setores da economia, como segurança pública, telemedicina, educação à distância, agronegócio e industrial. A Internet das Coisas (IoT) deverá ganhar novo fôlego e se consolidar nas empresas mais inovadoras, uma vez que vários dispositivos inteligentes poderão estar interconectados simultaneamente com alta qualidade e baixa latência. 

Da mesma forma, as organizações poderão impulsionar a automação digital, robótica, Inteligência Artificial (IA) e machine learning, viabilizando voos mais altos. A implantação do 5G poderá ser aproveitada para o desenvolvimento de aplicações inovadoras que aproveitem a tecnologia das novas redes para entregar produtos e serviços que aumentem a eficiência em diversas áreas e elevem a qualidade de vida da população.

No Brasil, um país de extensão territorial continental, a expansão do 5G significa, ainda, levar internet para áreas rurais e industriais que hoje carecem de cobertura adequada. Trata-se, portanto, de uma medida para favorecer o desenvolvimento econômico e social em todas as regiões, atrair novos investimentos e gerar empregos de alto valor.

Confira os principais benefícios da tecnologia 5G para o Brasil:

  • Maior velocidade de conexão devido ao aumento das taxas de transmissão de dados;
  • Redução do tempo entre o estímulo e a resposta da rede de telecomunicações (baixa latência);
  • Aumento da quantidade de dispositivos conectados em uma determinada área, sem perda da qualidade do sinal;
  • Acréscimo da quantidade de dados transmitidos por unidade de espectro eletromagnético;
  • Redução do consumo de energia por dispositivo, resultando em uma maior eficiência energética.

Impactos do 5G na indústria

A tecnologia 5G é muito aguardada pelas empresas brasileiras, e representantes das indústrias eletroeletrônicas estiveram presentes nos debates que resultaram no início da sua implantação. Com isso, cresce a expectativa de um grande volume de investimentos no setor nos próximos anos, já que a nova geração de internet móvel deve acelerar a digitalização e nos levar à indústria 4.0. 

O Leilão do 5G, promovido pela Anatel, abrangeu frequências baixas, médias e altas, o que pode oportunizar às indústrias não apenas alavancar ainda mais seus negócios, bem como cobrir diversas áreas ao mesmo tempo. Na manufatura, a tecnologia 5G que irá facilitar isso é chamada de 5G 3,5 GHz SA.

5G 3,5 GHz SA: a conexão móvel da indústria 4.0

A frequência 3,5 GHz é a mais rápida oferecida pelo leilão da Anatel. Também conhecida como n78, a faixa tem uma largura de banda maior que as demais, por isso, mais informações podem ser transmitidas entre a rede e o dispositivo a ela conectado, o que torna a velocidade de dados maior.

A n78 é disponibilizada de duas formas, sendo que uma delas interage com uma frequência 4G:

  • NSA (non-standalone): utiliza uma faixa 4G para registro principal e adiciona outros componentes em 5G para elevar as taxas de transferência de dados;
  • SA (standalone): desenvolvida para ambientes que exigem maior controle, como indústrias, permite a interação entre dispositivos apenas em 5G. A velocidade é a mesma da NSA, mas apresenta uma latência ainda menor.

A 5G 3,5 GHz SA deve facilitar a criação de redes privadas na indústria e facilitar a automatização das fábricas — e o uso de sensores mais eficientes —, a adoção da IA, computação em nuvem e de outras soluções inteligentes. Com mais dispositivos conectados entre si ao mesmo tempo, será possível desenvolver novos serviços e aplicações, aumentar a produtividade, reduzir custos e entregar mais valor ao mercado.

Como o 5G irá afetar a manufatura eletrônica 

Comparado às redes 4G, o 5G fornece uma taxa de transmissão de 10 a 20 vezes superior, uma capacidade de dados cerca de 100 vezes maior e menos de 1 milissegundo de latência. O espectro se estende até a faixa de onda milimétrica e suas frequências são extremamente altas. Tais características podem, certamente, proporcionar diversos benefícios para a indústria eletrônica, assim como alguns desafios.

Os fabricantes de placas eletrônicas terão que lidar, por exemplo, com tecnologias mais complexas, como MIMO (multiple-input multiple-output), para integrar várias unidades de matrizes de antenas, e utilizar mais estações base e matrizes para conseguir operar efetivamentes em frequências operacionais mais altas.

Também será imprescindível escolher a espessura correta do laminado da PCB para evitar a propagação de formas de ondas de vibrações que causam interferência, e ter mais atenção na instalação de componentes de transmissão e recepção, mais sensíveis em projetos 5G.

No entanto, não há dúvidas de que o 5G irá melhorar a precisão e a eficiência dos testes e medições eletrônicas, impulsionar a diversificação nas principais cadeias da indústria eletrônica, otimizar as condições de trabalho, aumentar a capacidade de controle dos processos e reduzir ainda mais o trabalho manual nas linhas de produção. 

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Marcelo Gouvea

Gerente Comercial PRODUZA S/A

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