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A importância da logística reversa na indústria eletroeletrônica

A logística reversa na indústria eletroeletrônica deixou de ser um diferencial de empresas que querem destacar-se como socioambientalmente responsáveis e passou a ser prioridade. Não é para menos, em apenas 1 ano o estado de São Paulo recolheu 94 toneladas de lixo eletrônico, segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). O volume é resultado de um compromisso firmado entre órgãos ligados ao meio ambiente e a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Foram criados pontos de coleta nos quais os próprios moradores levam os eletroeletrônicos usados para descarte.

 

No entanto, além dos consumidores e do poder público, é preciso atentar-se à responsabilidade que recai sobre a própria indústria. Nesse quesito, o Estado de São Paulo também se mostra atento e desde outubro de 2018 passou a punir empresas que não apresentaram um plano de destinação do lixo resultante de seus produtos, com risco de perder a licença ambiental. O projeto e a punição devem servir de exemplo para outros Estados, no esforço para cumprir o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), existente desde o ano de 2010 e da qual falaremos mais ao longo deste texto.

 

Como os processos de logística reversa na indústria têm se desenhado

Em outra ocasião, tratamos sobre a reciclagem corporativa de placas eletrônicas e os dados do e-lixo e mostramos também como os processos ambientais podem contribuir com a inovação. Seguindo a mesma linha, iremos focar num dos processos que têm estado em destaque no mercado: a logística reversa. Em relação ao tema, o Brasil tem realizado esforços para a implementação do instrumento de gestão do e-lixo, fixando, inclusive, parcerias internacionais.

 

Em 2015, por exemplo, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior assinou um acordo com a Agência Japonesa de Cooperação (JICA) para treinamentos especializados de representantes da indústria de equipamentos eletroeletrônicos, no Japão. Equipes de diferentes cooperativas e órgãos estiveram em Tóquio para participar da capacitação. O objetivo foi aproveitar a expertise do país na aplicação da logística reversa e incentivar a implementação da ferramenta no setor eletroeletrônico brasileiro.

 

Os resultados desta iniciativa resultaram em um projeto piloto implantado na região da Lapa, na cidade de São Paulo. Segundo a diretora de Ambiente Urbano do MMA, Zilda Veloso, a iniciativa representa uma grande oportunidade de avanço na implementação de um dos mais importantes instrumentos da política nacional de resíduos sólidos: o princípio da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.

 

Logística reversa: conceito e benefícios

Dentro da Política Nacional de Resíduos Sólidos e do Decreto 7.404/2010 está justamente a definição do que é a logística reversa. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, trata-se de um instrumento para aplicação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, ou seja, são os cuidados, a viabilização da coleta e a reciclagem e restituição de resíduos sólidos. É uma forma de prevenir os inúmeros danos causados pelo manuseio incorreto do lixo, que impactam tanto empresas, como a qualidade de vida e a saúde da sociedade.

 

Com a adoção da logística reversa, as empresas se tornarão responsáveis pelo próprio e-lixo produzido. Ou seja, existirá uma integração entre consumidores e indústria em prol de uma causa maior. Para isso, é necessário que as empresas criem soluções para a correta devolução do material e formas de reciclagem com maior aproveitamento e restituição do produto. Os consumidores, por sua vez, se comprometem com a devolução nos postos específicos ofertados pelos fabricantes.

 

Para a indústria eletroeletrônica, a logística reversa é uma maneira de se tornar mais sustentável e contribuir efetivamente para a preservação dos recursos naturais. Os ganhos são variados: prevenção da contaminação e poluição do meio ambiente, redução de resíduos e do uso de matéria-prima, economia para a empresa, reutilização inteligente dos resíduos, integração consumidor-empresa, fortalecimento da responsabilidade ambiental, maior engajamento dos colaboradores, incentivo ao uso de tecnologias limpas, entre outros.

 

Como posso começar a aplicar conceitos de logística reversa na minha empresa?

Tudo vai depender do tipo de equipamento que você produz, especialmente em relação à matéria-prima ser reciclável ou não, oferecer risco ao meio ambiente ou ser de difícil descarte. É preciso ter em mente que aquilo que foi produzido por uma indústria não passa a ser de inteira responsabilidade do consumidor a partir do momento da compra. Pelo contrário, a responsabilidade precisa ser compartilhada. Veja alguns pontos que devem ser levados em conta:

 

Pense na logística reversa desde a criação do produto

O consumidor está cada vez mais preocupado com o impacto causado no meio ambiente. Por isso, que tal ao invés de optar por um material mais barato, escolher aquele que pode ser reaproveitado depois do descarte? Com a comunicação e marketing bem feitos isso pode, inclusive, agregar valor à sua marca e garantir clientes que confiam no seu produto.

 

No entanto, não vale fazer isso só para ganhar publicidade, pois o efeito pode ser contrário. Se necessário, contrate uma equipe especializada para pensar no produto desde a sua origem até o momento da reciclagem.

 

Divulgue e faça campanhas

Não é segredo e nem demérito ao produto que ele fique obsoleto um dia, isso é natural. O que é insustentável é o descarte irresponsável pela falta de informação sobre a destinação correta. Ocorre que a quantidade de produtos obsoletos tornou-se um problema para o consumidor recentemente, o que faz com que as pessoas sequer saibam o que fazer com os produtos e acabem descartando no lixo comum.

 

As empresas precisam tomar para si a responsabilidade e agir proativamente. Hoje em dia é fácil manter o contato com o consumidor e enviar alertas sobre boas práticas. Nesse caso, a empresa deve colocar-se à disposição para oferecer locais de coleta, inclusive realizando parcerias com governos e prefeituras.

 

Fique atento aos fornecedores

Ser socioambientalmente responsável não é uma tarefa simples. Isso porque cuidar de si é a parte mais fácil, mas não basta. É preciso criar uma rede de fornecedores que também estejam dispostos a reduzir impactos ambientais e agir para que a logística reversa seja colocada, de fato, em prática. Isso vale para os resíduos criados dentro da sua própria indústria, você e seus fornecedores estão comprometidos a lidar com eles? Se a resposta for não, talvez seja a hora de sentar e rever esses pontos também.

 

Agora que você já sabe mais sobre a importância da logística reversa, inclua ações no seu planejamento estratégico e assuma a responsabilidade pelos seus equipamentos!

 

Para você, quais são os principais ganhos da indústria com a implantação da logística reversa? Comente.

 

 

Publicado originalmente em: 02/10/2015. Atualizado em: 28/03/2019.

 

Marcelo Gouvea

Gerente Comercial PRODUZA S/A

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