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P&D industrial não é passivo – é ativo em tempos de crise

Em 2008, durante a crise mundial, a reação da indústria brasileira foi sustentada, principalmente, por três ações: cortes na produção, nas vagas e na inovação. De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2009 até 2011, apenas 35,6% das empresas lançaram produtos inovadores ou empregaram processos mais eficientes. No entanto, apesar de os números acusarem o impacto econômico em novos produtos para o mercado, por outro lado, o setor industrial tem demonstrado que o setor de  Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) deve receber ainda mais investimentos. Segundo a pesquisa do IBGE, o volume de investimentos obteve um aumento considerável, de R$ 12,4 milhões para R$ 17, 4 milhões.

Com o histórico do momento global ocorrido a partir de 2008, é possível realizar uma análise comparativa com a atual situação econômica do país. Por isso, falar em P&D industrial é apresentar alternativas de inovação tecnológica para o aumento da competitividade. Neste contexto, a inovação ultrapassa o status de diferencial para uma questão de sobrevivência. É preciso inovar para garantir uma parcela do mercado. Corroborando o argumento, a Istoé Negócios apresentou recentemente um estudo organizado pela Insitum, em que foram ouvidos 300 profissionais de toda a América Latina. No final, foi constatado que embora a inovação seja reconhecidamente benéfica, o grande problema está na forma da execução e na hora de convencer os empresários a não deixarem que o corte de custos alcance os investimentos no setor.

P&D industrial para oportunidades

Enfrentar a crise econômica sob a perspectiva das oportunidades é uma ótima forma de aumentar o faturamento com base em ações de P&D industrial. O CEO da multinacional americana Goodyear na América Latina, Jaime Cohen Szulc, trouxe para a reportagem da Istoé Negócios, o bem-sucedido exemplo da própria empresa. Szulc relata que para alcançar ganhos significativos em inovação, a Goodyear apostou na combinação de mais de 60 matérias-primas para criar pneus de 15% a 35% mais resistentes. Dentro desta experiência, surgiram opções como o pneu desenvolvido com as cinzas da queima da casca de arroz. O resultado é encorajador, além de diminuir o impacto ambiental, as vendas cresceram consideráveis 30%. A partir disso, a empresa tem apostado cada vez mais no lançamento de produtos inovadores com tecnologia de ponta.

Tecnologia que muda cenários

Para colocar em prática o exemplo da Goodyear, é preciso superar o medo dos empresários em relação aos riscos do investimento no P&D industrial. O cientista João Fernando Gomes de Oliveira, diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial, afirmou recentemente que para a capacidade inovadora do Brasil é capaz de desempenhar um importante papel dentro da competitividade da indústria do país. Contudo, para isso, é necessário um verdadeiro acréscimo de materiais e tecnologias inovadores. Oliveira cita ainda um problema ocorrido com os americanos, em relação ao alto custo de materiais em relação a gás, petróleo e mão de obra. A partir de uma nova tecnologia, os custos se inverteram e o Texas se transformou num pólo mundial para a indústria química.

Para você, qual é a perspectiva do P&D industrial para os próximos anos? Aproveite o espaço para debater sobre o assunto.

Crédito de imagem: geralt/CC

Marcelo Gouvea

Gerente Comercial PRODUZA S/A

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