Tratar sobre tecnologias sensíveis é, principalmente, lidar com uma série de regras e restrições em todo o processo de produção. O conceito “sensível” caracteriza as tecnologias que determinado país ou grupos de países estabelece como sendo de acesso restrito por um período de tempo. O cerceamento de informação se dá por diversos motivos, mas, principalmente, em razão de questões de segurança. Historicamente, a proibição do acesso às tecnologias sensíveis era relacionado com conflitos de interesses e vantagens competitivas entre as nações. No entanto, a preocupação se deslocou para grupos que utilizam de forma nociva os avanços tecnológicos.
Atualmente, as tecnologias sensíveis são utilizadas no desenvolvimento de produtos sensíveis e, segundo o conceito norte-americano, nos de uso dual ou duplo. A duplicidade de usos se dá na medida em que uma tecnologia criada com intuito de servir ao ambiente militar acaba por se transformar em uma tecnologia de uso civil ou quando ocorre o processo contrário, do uso civil para o militar. Porém, as tecnologias sensíveis estão presentes em todos os âmbitos. Com todo esse contexto, os cuidados com a montagem de uma tecnologia sensível vão desde o processo operacional até o cuidado com o sigilo das informações que envolvem o projeto.
Temperatura e umidade
O sucesso da montagem de uma tecnologia sensível inclui obedecer as condições estabelecidas pela classificação MSL (Moisture Sensitivity Level), criada pela indústria eletrônica para evitar problemas relacionados a umidade. A classificação indica o período de tempo que um dispositivo sensível a umidade pode ser exposto à temperatura ambiente. Estar atento aos números durante o processo de montagem das placas, evita que a exposição excessiva aliada à umidade cause uma série de danos graves. Quando afetados, os componentes podem aparentar perfeita condição, justamente pela dificuldade de identificar o nível de comprometimento do dispositivo. O que, por fim, acarreta em uma série de prejuízos tanto na questão de credibilidade, desempenho e aceitação pelo mercado.
Matéria-prima e armazenamento
Obter os melhores resultados com o produto final da tecnologia sensível está diretamente relacionado com a qualidade da matéria-prima trabalhada. Para cada projeto há uma especificação e é fundamental garantir que todas etapas estejam dentro de um padrão de qualidade certificado. O mesmo é válido para o armazenamento adequado dos insumos. A classificação fornecida pela MSL, por exemplo, pode ser um importante indicador do formato ideal de estocagem para as tecnologias sensíveis que utilizam componentes críticos. Alguns componentes, dependendo do número MSL, exigem condições especiais para um armazenamento invulnerável.
Refusão e antiestática
Um dos processos para o desenvolvimento de componentes eletrônicos passa pelo forno de refusão, um dispositivo que permite realizar a montagem e ligações necessárias para a estruturação do componente eletrônico. Nesse momento, o que irá garantir o bom resultado da operação é a curva do forno de refusão bem traçada. Caso contrário, poderão surgir problemas como a formação de bolas de solda ou demais formações indesejáveis, choque térmico e danos aos componentes, entre outros. Da mesma forma, os cuidados antiestáticos específicos garantem uma barreira extra contra a ação da umidade. Na questão da descarga eletroestática, a prevenção com o uso de equipamentos adequados (jaleco antiestático, calcanheira dissipativa, manta antiestática, luva antiestática e pulseira de aterramento) é a melhor solução.
Sigilo
Além de uma montagem mais apurada, com cuidados que envolvem todo o processo, um dos principais diferenciais do trabalho com tecnologias sensíveis está relacionado ao sigilo oferecido pelos envolvidos. Por se tratar de projetos com uma série de restrições e impedimentos, é essencial que todos os colaboradores que façam parte do desenvolvimento de uma tecnologia sensível estejam cientes da responsabilidade que possuem.
Fez parte de um projeto de tecnologia sensível? Quais foram os outros desafios durante o processo? Comente!
Crédito de imagem: blickpixel/CC
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