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Gestão de ciclos de produção: saiba identificar problemas

Controlar ciclos de produção é uma função que cabe ao gestor do departamento em uma indústria. Na prática, uma linha de produção com alto desempenho é aquela que não só produz o número de peças determinado por dia, mas também que funciona de forma estável e constante na maior parte do tempo. Parece simples, mas não é. Inúmeros fatores podem interferir nessa estabilidade, especialmente quando há intervenção humana constante. O grande desafio, na maioria das vezes, começa na identificação dos gargalos. Como saber onde há perdas? De que maneiras essa produtividade pode ser elevada sem afetar a qualidade final do produto? Essas são perguntas que só podem ser respondidas por meio da aplicação de testes observacionais e analíticos. A aplicação deles pode ter como objetivo responder as mais diversas perguntas, mas o ideal é que haja foco em algumas hipóteses. Se, por exemplo, há suspeita de que o bom desempenho dos ciclos de produção possa estar sendo prejudicado pelo maquinário, a coleta de dados girará em torno de perguntas como:

  • Quantas peças determinado equipamento produz por dia?
  • Há diferenças de desempenho entre máquinas semelhantes?
  • Há perdas relacionadas a maquinário em manutenção?
  • Quanto tempo o setup das máquinas ocupa por dia?
  • Existe algum fator externo que influencia diretamente o desempenho?

Esses são apenas alguns exemplos. No caso de necessidade de uma pesquisa como essa, as perguntas serão elaboradas pelo gestor ou consultor contratado para fazer o diagnóstico. A metodologia de coleta de dados também pode variar.

Como identificar que há problemas nos ciclos de produção?

Observados os exemplos acima você pode estar se perguntando: mas quando eu devo aplicar testes desse tipo? Como saber se há problemas nos ciclos de produção? Mais uma vez, a observação deve ser feita caso a caso, mas há algumas suspeitas que tornam evidente a necessidade de tomar alguma atitude. A queda brusca de produtividade é a principal delas, mas nem sempre há uma mudança tão evidente. Por isso, pontuamos alguns tópicos que devem ser constantemente observados pelo gestor que deseja ter controle sobre a qualidade dos ciclos de produção:

Tempo de um ciclo padrão

Toda avaliação de produtividade precisa ter como base um padrão. Por isso, antes de mais nada, é preciso saber qual será o parâmetro escolhido. Só assim fica mais fácil observar desvios. Tempos muito abaixo ou acima do que foi delimitado como padrão são o objeto de estudo e trarão as respostas para as perguntas de pesquisa como: Por que em determinado ciclo houve perda de produtividade? Qual fator foi determinante para esse ciclo ter um desempenho acima do esperado? É importante salientar, no entanto, que o padrão nem sempre é um modelo a ser seguido. É preciso avaliar se a gestão de ciclos de produção pode contribuir para que esse padrão seja elevado. Só assim a empresa não corre o risco de repetir um padrão pouco satisfatório só porque ele foi estabelecido como meta inicialmente.

Tempos de parada

Quanto tempo as máquinas da linha de produção ficam ociosas? Se a resposta do gestor para essa pergunta é “não sei”, existe um problema. Saber qual o potencial máximo de uma linha de produção e qual a porcentagem está sendo utilizada é fundamental para gerir ciclos de produção. O tempo que determinada máquina fica ociosa determina diretamente a produtividade. Os motivos para essa ociosidade podem ser: falta de funcionário para operar, tempo em que algum insumo está sendo carregado e até mesmo paradas para manutenção. Cada uma dessas pequenas perdas pode ser uma oportunidade de ganhar tempo e, consequentemente, produtividade. Se, por exemplo, o material necessário para abastecer a máquina fica muito distante dela, o tempo de ociosidade é maior do que deveria. A solução nesse caso seria melhorar o posicionamento dos materiais.

Ocorrência de gargalos

Os gargalos geralmente são identificados durante as análises dos ciclos de produção. Em geral são eles os principais responsáveis por gerar dados muito abaixo do padrão. O principal exemplo é o baixo desempenho de algum equipamento específico. Uma máquina que opera abaixo dos padrões e constantemente precisa de manutenção afeta drasticamente na produtividade. Cabe ao gestor, portanto, decidir se há conserto ou será preciso fazer a substituição. Dados sobre o quanto se está perdendo com o baixo desempenho do equipamento ajudam o gestor a convencer os superiores sobre essa necessidade.

Layout Fabril

A forma com a qual os equipamentos estão dispostos no chão de fábrica pode influenciar, e muito, o desempenho dos ciclos de produção. Pensar e repensar constantemente a melhor maneira de realizar as tarefas ajuda a ampliar o desempenho de uma indústria. Especialmente se a empresa trabalha com demandas variáveis, ou seja, se o produto a ser fabricado não é sempre o mesmo, o ideal é que o layout seja do tipo customizável. Só assim, a cada demanda, é possível rearranjar a disposição dos equipamentos de modo que facilitem a gestão do desempenho.

Gestão do retrabalho

Um trabalho executado de maneira incorreta em geral gera um novo ciclo de produção: o de retrabalho. Apesar de comum e já incorporado à rotina de muitas linhas de produção, ele não deveria ser necessário, ou muito pouco recorrente. A realidade, no entanto, é a de que muitas empresas possuem departamentos exclusivos para a análise e reparo de erros. Já falamos aqui no blog da Produza sobre o quanto é interessante manter a excelência e verificar cada etapa. Equipamentos de teste ou verificação garantem que um erro grave não será descoberto somente com o produto pronto. Quando é esse o caso, fica muito mais difícil e caro reparar um defeito.

Gestão de equipes

Quando o trabalho depende da ação humana de forma muito determinante, a gestão de pessoas torna-se fundamental para o ciclo de produção. Uma equipe mal orientada e pouco monitorada é a origem para muitos problemas. A solução, nesse caso, é a criação de processos e a constante vigília para garantir que o desempenho será satisfatório.

Logística

Já parou para pensar que o que pode estar afetando o desempenho dos seus ciclos de produção pode ser a logística empregada? Ela é fundamental para garantir o bom andamento das tarefas, já que é por meio dela que os insumos chegam e os produtos prontos saem da indústria. Uma boa gestão logística precisa ser personalizável e adaptada à realidade de cada empresa. Por isso, observe constantemente se os produtos estão chegando no dia correto, se são armazenado no local e em condições adequadas e se, de alguma forma, esses processos estão afetando os ciclos de produção. Se necessário, chame a atenção, troque fornecedores ou mude metodologias de trabalho.

Ciclos de produção e a indústria 4.0

Falamos até agora sobre como um gestor poderá perceber falhas em ciclos de produção através de análises e relatórios. Essa é a forma usual e mais viável para a realidade da maioria das indústrias hoje. No entanto, em um futuro próximo, a expectativa é que os ciclos de produção sejam monitorados em tempo real. Na indústria 4.0, a coleta será feita por meio de sensores instalados nos equipamentos, e inconsistências nos ciclos de produção poderão ser identificadas e reparadas imediatamente. Outra vantagem será o ciclo de avisos sobre manutenção (preditiva ou não). A autorregulação das máquinas contribuirá para que sejam feitas, no tempo correto, trocas de peças, adição de lubrificação em engrenagens, etc. Assim, o tempo de vida útil dos equipamentos tende a aumentar e falhas no ciclo de produção decorrentes de equipamentos com baixo desempenho devem sumir. Apesar de bastante interessante, esperar até que essa tecnologia chegue a sua empresa não é a melhor alternativa. Mesmo porque os avanços trazidos pela indústria 4.0 beneficiarão principalmente a coleta de dados. Porém, a resolução de problemas e a gestão daquilo que será feito com essa informação ainda caberá ao profissional dedicado à função. O que achou deste texto sobre gestão de ciclos de produção? Ficou com alguma dúvida? Entre em contato conosco!

Marcelo Gouvea

Gerente Comercial PRODUZA S/A

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