Com os avanços tecnológicos em ritmo intenso, cada vez mais o mercado é abastecido com novidades que superam em diversos quesitos os produtos mais antigos, muitas vezes, também recém-lançados. Contudo, o volume de eletrônicos e a rapidez com que têm se tornado obsoletos traz outra questão à tona: a produção de lixo eletrônico e a reciclagem corporativa. Com as placas eletrônicas não é diferente. Sob essa perspectiva, em 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou o relatório do Programa para o Meio Ambiente com foco na produção de lixo eletrônico e no impacto ambiental.
Os números da ONU representam o consumo crescente de insumos eletrônicos e necessidade da adoção da reciclagem corporativa. De acordo com o relatório, são gerados cerca de 41 milhões de toneladas de lixo eletrônico anuais. Para 2017, a previsão é de que esse número chegue na casa dos 50 milhões. A partir dos dados da E-waste World Map (mapa global de produção de lixo eletrônico), iniciativa Step com apoio da ONU, a revista Exame divulgou que cada brasileiro gera em média 7 kg, com uma produção de 1,4 milhão de toneladas. Na América Latina, o Brasil fica atrás somente do México, onde cada habitante gera 9 kg por ano.
Outro argumento a favor da adoção da reciclagem corporativa são os perigos que o descarte incorreto pode gerar para a saúde e para o meio ambiente. Os produtos eletrônicos são compostos por materiais que, se manuseados e armazenados de forma incorreta, dão origem a focos de contaminação. O chumbo, presente em grande parte da indústria de placas eletrônicas, é listado como um dos elementos que necessita de um cuidado extra e tratamento diferenciado.
O combate aos elementos prejudiciais já é, por si só, um forte influenciador para a reciclagem corporativa. Contudo, não é o único mal a ser combatido com a medida. Segundo reportagem do Estadão, o comércio ilegal de lixo eletrônico tem se tornado um problema de abrangência mundial. O contrabando do e-lixo sai dos países mais desenvolvidos, como Estados Unidos e os membros da União Europeia, em direção aos menos desenvolvidos.
A Agência Europeia do Meio Ambiente, conforme a reportagem, afirma que 250 mil toneladas resíduos saem anualmente da Europa disfarçados de produtos usados. Com isso, os receptores armazenam uma quantidade gigantesca de lixo eletrônico, que não condiz com o consumo de seus próprios habitantes. Sem infraestrutura, métodos adequados, equipamentos especiais ou conhecimento, o e-lixo se torna uma bomba de propagação de elementos nocivos, que poderia ser evitado se as indústrias aderissem ao processo de reciclagem corporativa do lixo eletrônico.
Para as empresas, a reciclagem corporativa pode fornecer inúmeras vantagens. Além de, é claro, fazer a sua parte em relação ao meio ambiente e a sociedade, o cuidado com os resíduos eletrônicos acrescenta uma vantagem competitiva. Para os que estão interessados em exportar, é necessário atender às restrições estabelecidas pela RoHS, diretiva europeia que regulariza a utilização de substância nocivas. Os que exercem políticas de reciclagem ganham ainda vantagens em relação à adequação do ISO 14001, certificação de gestão ambiental.
Ser sustentável está na moda e é bem visto pelos clientes. Não há mal nenhum nisso. Porém, algumas empresas a fim de aderir à tendência começam por pontos errados e acabam gastando recursos em mudanças na estrutura e campanhas que não trarão retornos significativos.
Para começar, de fato, a lidar com a reciclagem corporativa na sua empresa, siga algumas dessas dicas:
É claro que reciclar resíduos da produção e pensar em logística reversa dos produtos são etapas importantes da reciclagem corporativa, mas que tal começar revendo processos dentro da própria produção?
Calibragem de máquinas – com o objetivo de utilizar menos energia elétrica e aproveitar melhor a matéria-prima, criar um cronograma de manutenção e calibragem dos equipamentos pode reduzir os desperdícios no final das contas. Assim, será menos lixo para reciclar e mais eficiência para o processo.
Redução de erros – Você faz o gerenciamento de erros e tem noção plena das causas e origem de cada um deles? Se a resposta for não, pode ser que esteja nesse ponto uma fonte de muito desperdício de material, energia e tempo. Errar, dentro de uma indústria eletroeletrônica, apesar de possível deve ser evitado ao máximo.
Revisão de processos – Algumas empresas estão tão acostumadas a fazer sempre do mesmo jeito que não percebem que há outras maneiras de chegar a um mesmo resultado. Pode ser esse seu caso. A simples mudança de posição de um equipamento pode resultar na redução de erros e desperdícios. Pense nisso.
Já falamos aqui nesse post sobre as ligas de chumbo que aos poucos vêm sendo substituídas por outros materiais mais ecológicos e de descarte mais simples. Esse é um bom exemplo, mas há outros. Pode ser que seu produto tenha um componente de difícil descarte e que polua gravemente o meio ambiente quando a reciclagem corporativa não é bem feita. Será que ele é mesmo necessário?
Parar e olhar para o próprio produto e procurar alternativas pensando no descarte final é uma novidade para a indústria eletroeletrônica. Pensa-se no uso e não no pós-uso. Se você deseja ter práticas mais sustentáveis dentro da sua organização, comece a pensar diferente.
Após revistos os processos dentro da fábrica, é hora de pensar no transporte, armazenamento, venda, uso e pós-uso do produto. Para que a reciclagem corporativa faça sentido dentro de uma cadeia completa, é necessário pensar em todas as etapas. Em relação especificamente ao pós-uso, estamos falando da logística reversa.
Pare e pense: os usuários do seu produto sabem exatamente o que fazer quando seu produto não está mais apto para uso? Muitas empresas acreditam que essa não é uma responsabilidade do fabricante, mas deveria ser. Disponibilizar pontos de coleta e reaproveitar ou descartar de forma adequada os resíduos causados pelos produtos deve ser um dever de quem os projetou.
Uma vez que sua empresa já possui processos bem desenhados em relação à reciclagem corporativa e sustentabilidade como um todo, não faz mais sentido ter parceiros e fornecedores que não estejam alinhados com essa prática, certo?
Converse com parceiros antigos e, se necessário, reveja alguns deles. Pode ser que, quando demandados, mudem certas atitudes e passem a agir de forma mais sustentável por sua causa, gerando uma reação em cadeia.
E aí, sua empresa adota ou pretende adotar processos de reciclagem corporativa? Compartilhe a experiência.
Texto publicado originalmente em 15 de julho de 2015.
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