Como driblar a crise de componentes eletrônicos e garantir a produção
As interrupções na cadeia de suprimentos e a crise de componentes eletrônicos continuam a afetar a economia global. No Brasil, apesar das indústrias eletroeletrônicas relatarem ligeira redução das dificuldades oriundas da falta de componentes, 49% delas ainda enfrentam obstáculos na hora de adquirir esses itens, conforme Sondagem Conjuntural de Julho de 2022 da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica).
Por isso, atrasos nas entregas de diversas mercadorias em função da escassez de componentes continuam, desde eletrônicos até automóveis. Os custos de produção também estão crescentes e voláteis, o que compromete o planejamento das indústrias. Não menos importante é o impacto a nível macroeconômico. As vagas de emprego são limitadas, enquanto a inflação distancia a recuperação.
Como, então, garantir a produção na indústria em um cenário tão desfavorável e imprevisível? Saiba, neste artigo, o que fazer para driblar e gerenciar a crise global de componentes eletrônicos.
A terceirização pode ajudá-lo a gerenciar a crise:
6 maneiras de manter a produção na crise de componentes eletrônicos
Não há uma previsão precisa sobre quando o abastecimento de componentes eletrônicos irá normalizar, por isso a inovação ganha ainda mais importância para as indústrias do setor. É preciso considerar que a escassez ainda irá permanecer nos próximos meses e tomar medidas preventivas e proativas para evitar interrupções e gerar valor. Contar com uma ampla rede de fornecedores, por exemplo, é uma das medidas mais essenciais nesse momento.
Conheça 6 maneiras de gerenciar a crise de componentes eletrônicos:
1. Estabelecer parcerias com distribuidores fortes
Para driblar a crise, sua empresa precisa, primeiro, ter parcerias com um distribuidor relevante na cadeia de suprimentos. Esse ator é responsável por conectar fabricantes de componentes e clientes, e garantir que os itens desejados sejam entregues dentro do prazo estabelecido.
Uma das vantagens de contar com um bom distribuidor é não depender apenas dos canais mais tradicionais de fornecimento para adquirir seus componentes. Isso evita longos prazos de entrega, assim como facilita a busca pelo produto adequado para o seu projeto, seja original ou similar.
2. Diversificar os fornecedores
Está claro que, para isso, você deve dispor de um bom distribuidor ou estabelecer relacionamento com inúmeros fornecedores. A diversidade é, principalmente neste contexto, imprescindível para garantir a sua produção.
A tecnologia pode ajudá-lo a gerenciar seus fornecedores para que você tenha alternativas caso um dos seus parceiros falhe ou não possa lhe atender. O Brasil não dispõe de fornecedores de componentes eletrônicos, então o mercado externo é a única opção. Mas não deixe de buscar empresas posicionadas estrategicamente, isto é, de forma a facilitar a logística do seu produto.
3. Armazenar componentes essenciais
Essa dica é válida apenas para as organizações que possuem recursos para expandir e manter a capacidade de armazenamento de componentes essenciais à sua produção. É a maneira mais simples de driblar a crise, pois ao guardar grandes quantidades de determinado item, sua indústria está criando um suprimento fora da cadeia.
O principal risco de expandir a capacidade de armazenamento é adquirir mais componentes do que o necessário. Isso pode comprometer seu investimento, já que pode resultar em excesso de oferta.
4. Maior controle na gestão de compras
Com a expansão da Internet das Coisas (IoT), internet 5G, Inteligência Artificial (IA) e machine learning, as cadeias de suprimento estão se tornando mais eficientes e, ao mesmo tempo, complexas.
Não basta obter atualizações mensais de estoque para superar a crise. É necessário ter controle e visualizar atualizações dos fornecedores em tempo real, assim como acompanhar o que está disponível nos estoques. Dessa forma, é possível planejar melhor os pedidos de componentes, aproveitando boas condições de preços.
5. Considerar a obsolescência dos componentes
A conjuntura de falta de componentes se torna mais grave para indústrias que não consideram a obsolescência dos itens utilizados em seus projetos. Nesses casos, é necessário se dedicar ainda mais para encontrar o componente que funcione. Isso, é claro, cria gargalos na produção.
Como você deve saber, a obsolescência é previsível, visto que todos os componentes eletrônicos possuem uma data de execução e têm sua vida útil atualizada pelos fabricantes em seus catálogos. Não ignore essa informação.
6. Inovar em processos e tecnologias
Para competir no mercado atual, investir em tecnologia de ponta é um pré-requisito. Mas lembre-se de que promover essa inovação sem investir na otimização de processos não é suficiente, especialmente neste panorama desfavorável.
Portanto, atue para aumentar a eficiência de processos de fabricação da sua indústria. Identifique problemas, analise cada processo, acompanhe os resultados e monitore novas etapas ou subprocessos. Assim, você passa a resolver problemas mais rapidamente e evita paralisações na produção.
Terceirizar é possível, mas será que é necessária para sua indústria? Responda ao Quiz e descubra:
Uma escassez ainda por superar
A Sondagem Conjuntural da Abinee aponta que o número de indústrias com dificuldades para adquirir componentes eletrônicos permanece muito alto. Entre os obstáculos estão os custos, que continuam acima do normal para 66% das empresas consultadas. Também há relatos de problemas na produção e na entrega e até mesmo de paralisação parcial da produção, relatado por 10% das entrevistadas.
Quando o assunto é semicondutores, o cenário se torna ainda mais preocupante: 62% das indústrias que utilizam esses componentes na produção afirmaram enfrentar adversidades na aquisição desses itens.
O contexto incerto resulta na redução da expectativa pela normalidade no abastecimento de componentes eletrônicos em 2022. Para 55% das indústrias consultadas pela Abinee, isso só deve acontecer em 2023, sendo que as mais otimistas (29%) projetam a volta da regularidade até o fim do primeiro semestre.
Entenda a crise de componentes
Com o início da pandemia e a prática de medidas de prevenção, como o lockdown, diversas indústrias interromperam suas linhas de produção — principalmente montadoras de automóveis — e também cancelaram seus pedidos de semicondutores perante a redução da demanda por veículos novos.
Por outro lado, a procura por dispositivos eletrônicos de alta tecnologia cresceu — uma vez que a modalidade de trabalho home office precisou ser adotada por empresas de vários setores —, o que fez aumentar a busca por semicondutores. Entre agosto de 2020 e agosto de 2021, as vendas desse tipo de componente cresceram 29,7%.
O problema é que os fornecedores não conseguiram atender à nova demanda, o que também foi influenciado pelas dificuldades de logística impostas pela pandemia e pela guerra entre Ucrânia e Rússia, grandes produtores de duas substâncias essenciais à produção dos semicondutores: paládio e gás neônio.
Além disso, outras questões geopolíticas — como as sanções impostos pelos Estados Unidos a empresas chinesas — e incendiadas em unidades fabris de importantes fornecedores do Japão comprometeram a cadeia de produção de semicondutores.
Por todas essas razões, grandes indústrias automobilísticas, de consoles de jogos e equipamentos de rede, bem como de dispositivos médicos (DMs), continuam a ter problemas para garantir a produção dos seus produtos.
Terceirização da produção: opção para driblar a crise e avançar
Frente às inúmeras dificuldades para adquirir componentes eletrônicos e tomar medidas para gerenciar a crise, muitas empresas estão optando pela terceirização total ou turn key. Nesse modelo de contrato — oferecido também pela Produza —, a empresa contratada se responsabiliza por todas as etapas do processo produtivo de produto eletrônico, incluindo a compra dos componentes eletrônicos.
A principal vantagem, considerando o contexto referido, é que a montadora possui expertise no assunto e conta com fornecedores homologados. Você não precisa, portanto, se preocupar em lidar com nada referente ao processo de busca e compra de componentes. Basta enviar sua lista de materiais.
A terceirização total pode ser vantajosa para o seu negócio. Saiba mais:
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