O que falta para a energia solar no Brasil ganhar força?

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Hoje não são raros os exemplos de implantação de energia solar no Brasil. Esta reportagem da revista Época Negócios, por exemplo, cita exemplos de pessoas e empresários que decidiram apostar na tendência e hoje geram total ou boa parte da energia que consomem. De fato é uma tendência. Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), desde junho de 2013, o número de conexões de microgeração de energia subiu de 23 para 30.900(99% desse montante de energia solar).

 

O que antes era moda ou presença apenas na casa dos extremamente preocupados com a geração de energia poluente, hoje já se mostra uma importante oportunidade de negócio, especialmente porque o governo tem lançado iniciativas para incentivar a geração e o consumo. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) recentemente anunciou incentivos para o financiamento de instalação da tecnologia para pessoas físicas. Os juros variam de 4,03% e 4,55% ao ano, com prazo de carência de 3 a 24 meses e 12 anos para pagar.

 

Falamos recentemente aqui no blog sobre “Como encontrar oportunidades no mercado de energias alternativas” e você viu que os negócios gerados em torno desse mercado emergente devem ser vistos com atenção por aqueles que querem investir em um novo segmento, ou mesmo pelos que já estão no ramo e querem inovar.

 

No entanto, a dúvida que fica é: se a energia é limpa, o retorno é certo e o Brasil tem localização de incidência solar privilegiada, o que falta para a energia solar no Brasil despontar?

 

Falta de informação

Mesmo sabendo que a energia solar existe, algumas pessoas sequer sabem como funciona. Dúvidas como: “Vou poder desligar o fornecimento de energia convencional?”, “E se faltar sol?”, “Se sobrar, posso vender ou armazenar?” são comuns. Isso indica que ainda não há informação ampla sobre o assunto e os conhecimentos sobre energia solar no Brasil não são de senso comum.

 

À medida que os incentivos governamentais se ampliem e mais empresas entrem no mercado a fim de fornecer a tecnologia, o natural é que mais pessoas sintam-se encorajadas a instalar os sistemas em suas casas e, consequentemente, os receios iniciais sumam.

 

Baratear custos

Talvez o problema anterior esteja diretamente ligado ao acesso em relação a custos. As empresas que instalam equipamentos para energia solar no Brasil prometem retorno do investimento inicial em média em cinco anos. Mesmo assim, o montante que precisa ser desembolsado para a instalação de painéis é de em média R$ 20 mil, o que é muito para a maioria das famílias brasileiras mesmo com o incentivos governamentais.

 

Com o aumento da oferta e também da procura, a tendência é que esse preço caia ainda mais. Outra boa notícia é que cresce o número de iniciativas governamentais para a instalações de energia solar no Brasil em casas populares.

 

Interligar os sistemas

Outro detalhe que ainda não está claro é como esse novo sistema de geração de energia particular pode conectar-se com o convencional. Hoje, o mais comum é que o dono da unidade de geração solar pague taxa mínima. O que eventualmente sobra, é distribuído para o restante da vizinhança e convertido em créditos para serem usados em momentos de menor incidência solar.

 

No entanto, isso é ainda bastante primário. Há diversos estudos sobre como essa microgeração pode trazer ainda mais vantagens tanto para o consumidor quanto para o sistema como um todo. Porém, esse relacionamento de venda ou troca precisa, em primeiro lugar, ser viabilizado. Em segundo lugar é preciso legislar melhor sobre as relações comerciais que envolvem esse tipo de negócio para que o microgerador de energia sinta-se, de fato, fazendo um bom negócio.

 

Iniciativas já existentes

Paralelo a isso, empresários com boas perspectivas de visão sobre o negócio de energia solar no Brasil avançam em seus projetos. Assim como já mencionamos em outros textos, produzir as placas em si acaba não sendo tão lucrativo por conta da competição com os chineses. Além disso, uma vez instalada, a perspectiva é que a placa dure muitos anos e demore para ser trocada.

 

Porém, pensar nas relações e na comercialização desse tipo de energia é interessante. Como já mencionamos brevemente, a tendência é que as relações de compra e venda de energia solar no Brasil se tornem mais complexas. Como o negócio depende, basicamente, de um local para a instalação do dispositivo, é preciso pensar em aproveitamento de espaço. Das iniciativas existentes, destacamos duas: usinas solares e comunidades de microgeração.

 

Usinas Solares

Apesar da energia elétrica gerada por meio de hidroelétricas também ser considerado um recurso renovável, acaba trazendo um enorme impacto para o meio ambiente durante a sua construção. Os alagamentos necessários destroem cidades e ecossistemas inteiros, com consequências inestimáveis.

 

Com a construção de usinas solares isso não ocorre. As placas são instaladas em espaços abertos onde haja grande incidência solar e não causam grandes impactos ao ambiente. Inclusive as placas podem ser integradas em fazendas agrícolas e, além de gerar energia para a própria fazenda, ou servir de espaço para produção em larga escala.

 

Energia distribuída

Mas não é só no campo que a instalação de placas para geração de energia solar no Brasil é viável. A empresa francesa Engie, que também está investindo na centralização da produção, é líder em geração distribuída, ou seja, tem placas solares instaladas no telhado de prédios, casas, supermercados, farmácias, etc. Um negócio que já representa 2 mil instalações de sistemas solares no país.

Assim como eles, outras empresas devem investir nesse modelo e a popularização deve alavancar novos tipos de relação comercial, pequenas e médias empresas e todo tipo de negócio de manutenção, e acessórios para o serviço.

 

Onde está o verdadeiro lucro?

Observando o cenário que se desenha e pensando que no futuro próximo a casa de muitas pessoas estará produzindo energia suficiente para alimentar boa parte dos dispositivos de uma residência, você pode estar se perguntando: e as empresas, como lucram com isso?

 

Em um primeiro momento, o lucro virá do boom de instalações e manutenção dos novos aparelhos. No entanto, por serem resistentes e duráveis, isso tende a diminuir com o tempo. Isso sem falar que o avanço da tecnologia e a popularização de carros elétricos, por exemplo, aumenta muito a necessidade por energia.

 

Mesmo assim, a verdade é que o lucro real das empresas não estará nos pequenos consumidores, mas sim nas redes que serão construídas e na negociação da energia excedente. Podemos citar como exemplo de grandes consumidores as indústrias e os eventos de grande porte. Você já reparou como é comum que falte luz em grandes balneários no verão, ou mesmo durante a realização de shows em cidades menores com pouca infraestrutura? Nesses momentos, os microgeradores de energia podem ser demandados a vender sua produção excedente, ou pararem de produzir para deixar sobrar para os maiores. Quem mais lucra nessa relação são os intermediários, que ficam com boa parte do lucro da negociação.

 

Assim como esse tipo de relação, outras demandas devem surgir. Devem lucrar com as mudanças de mercado aqueles que souberem como aproveitar as oportunidades e entender as lacunas e dores do sistema. Se sua empresa possui um projeto assim, excelente! Caso ainda não esteja pensando, é interessante pensar.

 

Indústria eletroeletrônica nesse contexto

A indústria eletroeletrônica, apesar de parecer entrar apenas como coadjuvante nesse mercado, tem papel fundamental. O crescimento da energia solar no Brasil depende dos dispositivos já existentes e os que ainda devem ser desenvolvidos para a gestão desses novos sistemas.

 

A construção civil 4.0, ou smart building, por exemplo, prevê que os prédios do futuro já serão projetados com toda tecnologia de autogestão possível, seja energética quanto comunicacional. Investir em sistemas que conversem entre si e sejam eficientes o bastante para serem autogerenciáveis, ou gerenciáveis remotamente, é papel também da indústria eletroeletrônica.

 

No que diz respeito à integração com sistemas de geração solar, mesmo que sua empresa não tenha negócios diretamente relacionados com o assunto, pode beneficiar-se do crescimento desse mercado. Que tal pensar em sistemas alternativos de alimentação do seu dispositivo via pequenas placas solares? As possibilidades são tão grandes que haverá nicho e negócios para todos os tipos de segmento.

 

Caso tenha interesse em conversar sobre o assunto ou tem um projeto e precisa de um parceiro para montagem de placas eletrônicas, converse com a Produza!

 

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